quinta-feira, 30 de maio de 2013

Splash, a SIC meteu a pata na poça.




Ora bem, como alguns de vós já devem ter reparado, não sou de comentar aquilo que já muitos comentaram, precisamente por não gostar de ser apenas mais um a fazê-lo. No entanto, como sei que alguns de vós gostam de contar com a minha opinião sobre um ou outro tema, decidi escrever este texto, que visa criticar uma transição que, na minha opinião, foi bastante infeliz. Procuro ainda demonstrar por “a + b” que quando se está no caminho certo e se volta, conscientemente, ao errado, pode ser bastante mais difícil voltar a encontrar o Norte.

Estreou, no passado Domingo, o novo programa que a SIC escolheu para entreter o público na noite de Domingo, programa esse que veio substituir o “Vale Tudo”. O programa chama-se “Splash” e consiste em ver famosos a fazerem saltos para dentro de uma piscina, com, ou sem acrobacia, isso fica ao critério de cada um dos “artistas”.

Nunca fui pessoa de indagar a vida dos famosos, nem tão pouco de vibrar com os seus feitos, ou enfeites. Posso admirar o seu profissionalismo, carácter, ou determinado acto altruísta que tenham. Posso ainda avaliar a qualidade que têm enquanto entertainers.

Jamais compreenderei o interesse em programas como o Big Brother, por exemplo. E, ao que parece, o programa Splash foi criado para tentar combater o Big Brother VIP. Ora, eu até consigo perceber a questão da guerra das audiências, agora, o que não entendo é o tentar vencer a todo o custo, mesmo que isso implique pormos no ar um programa de qualidade bastante inferior ao que viemos substituir. Isto foi exactamente o que aconteceu.
É certo que nem todos gostarão do formato do programa “Vale Tudo”, mas em termos qualitativos, está a anos-luz de um Splash ou de um Big Brother. Será então correcto que, por uns pontos percentuais de share, proponhamos ao nosso público um produto bastante inferior?

Será que é o público-alvo do Big Brother que a SIC deve procurar resgatar? Na minha óptica, não, mas certamente terão sido feitos inúmeros estudos (por gajos inteligentes e bem pagos) nesse sentido. Neste capítulo em particular, o “se não consegues vencê-los, junta-te a eles” não me entra na cabeça. Cativem o público pela qualidade, já viram que é possível fazê-lo com o “Vale Tudo”. Não é por um canal ser privado que deve esquecer o verdadeiro interesse público (enquadrem isto em programas de entretenimento). Cabe a cada um de nós educar o próximo que, pelas razões mais variadas, ainda só foi brindado pela mediocridade.

Fiz questão de ver o programa - ainda que na diagonal - para poder opinar com um mínimo de conhecimento de causa. Quem me conhece, sabe que sou um defensor acérrimo de exemplos de vida e superação, porém, quando estes são utilizados com segundas intenções, coloco muitas reticências face aos mesmos. Dito isto e fazendo uma análise imparcial e objectiva ao programa, diria que aquilo mais parecia a revista Maria a fazer uma prova de resistência na piscina do Jamor. Tínhamos, no mesmo tacho, reunidos todos os ingredientes de uma típica novela mexicana: Gajas boas; Gajos bons; Cantores pimba; Drama; Superação; Suspense, e uma personagem que nunca ninguém vai entender bem o que é, nem o que faz ali.

Parece-me ainda que o programa visa ajudar os tais famosos que não andarão a ter projecção suficiente.

Depois e, infelizmente para ele, temos um Rui Unas totalmente deslocado, mas eu entendo o papel dele, pois como se costuma dizer: Aquilo que não temos de fazer para garantir o pão na mesa ao final do dia.
No entanto, reitero que não é fácil ver o Unas a fazer parelha com a Júlia Pinheiro, não é mesmo.

Acho muito bem que queiram destacar a recuperação de Sónia Brazão, e a força de viver do Jorge Pina, mas… fazê-lo num programa com mergulhos para a piscina? Se querem dar credibilidade à coisa, dediquem-lhes uma entrevista em condições e passem-no em horário que as pessoas possam ver. E já agora, procurem ainda outros tantos exemplos de superação que haverá por esse Portugal fora, que só não “aparecem” por não serem famosos. Como diz o chato:  “Queres é aparecer”… e isso diz tanto.

Mas enfim, se o vosso intuito é ficarem mais parecidos à TVI, acho que sim, acho que estão no bom caminho. Continuem a apostar neste tipo de programas e a dar tempo de antena a Castelo Branco, ao invés de o darem a Castel-Branco.

Resta-me terminar, dizendo que eu era um fã de “Vale Tudo”, e que fazia os possíveis para não perder um programa, quer pelo formato do mesmo, quer pela cumplicidade existente entre convidados e apresentador. Mas uma coisa vos garanto, enquanto houver Splash, a SIC não contará comigo como espectador nas noites de Domingo. E se o mesmo acontecer com outros tantos milhares, pode ser que a piscina comece a ficar sem água e o mergulho seja cada vez mais descabido.

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