segunda-feira, 7 de maio de 2018

Então mas afinal, existem, ou não existem almas gémeas?



Uma amiga minha mandou-me este texto, escrito por Marcos Piangers, que terá tido mais de 30.000 partilhas:

"Não existe alma gêmea

Eu sei que você quer que exista. Ficaria muito mais bonito eu fazer um texto bonito aqui, dizendo que existe alma gêmea, que em algum lugar a pessoa certa está te esperando. Uma pessoa que seja amor à primeira vista e que seja o preenchimento de todo o vazio emocional que você sempre sentiu. Uma pessoa que te complete e que faça isso de forma natural, não forçada, meio mágica. Essa pessoa não existe.

Vou dizer o que existe. Existe você bem e feliz e tão radiante que todo mundo acha você interessante. Existe um ou outro hormônio, uma ou outra substância que funciona como mensageiro fisiológico, existe coincidência de encontros, cheiros e conversas que te deixam ainda mais feliz e confiante. Mas não existe alma gêmea.

Porque nossa alma gêmea um dia acorda com cabelo desarrumado e um bafo terrível. Você descobre que a sua alma gêmea odeia sua série favorita, não gosta de viajar e tem nojo de sushi. E como pode ser sua alma gêmea se não gosta de voz e violão em bar? E você começa a pensar que talvez aquela ali não seja sua alma gêmea. Meu deus, minha alma gêmea está em algum lugar e eu aqui, com esse entulho!

Mas não existe. As almas se tornam gêmeas. Elas não nascem assim. Você vai abrindo mão de umas coisas e a alma da outra pessoa abre mão de outras. Um aprende a comer comida japonesa, outro começa a simpatizar com música ao vivo. Um começa a acordar cedo pra tomar café da manhã junto, outro aguenta até meia-noite pra assistir filme abraçado. Um vai lendo os mesmos livros do outro. Um vai concordando com aquilo que você disse outro dia sobre aquela coisa que eu discordei na época. Um vai ficando meio parecido com o outro. Um vai pegando coisa do outro, outro vai pegando coisa do um. Tem vezes que dói um pouquinho, mas as almas vão ficando parecidas.

Vão ficando tão parecidas. Tão parecidinhas. Que coisa. Parece até que são gêmeas.

Às vezes é assim que acontece...”


Ela mandou-me este texto, pois desconfiava que eu tinha uma opinião distinta da de Marcos, e gostaria de ficar a conhecê-la. Como é um tema que me toca e acredito que divide bastante as pessoas, achei por bem dar a conhecer a minha opinião a mais gente, colocando-a assim aqui no blogue.

Antes de mais, queria começar por dizer que, para mim, quando falamos de almas gémeas, não devíamos reduzir a sua existência aos relacionamentos amorosos, como é comum fazer-se. Convém também perceber se estamos a discutir apenas a força de expressão, ou se acreditamos mesmo em almas... gémeas, ou não :) Faço estas duas ressalvas, pois as premissas vão, como é lógico, influenciar qualquer análise.

Eu acredito em almas, espíritos e vidas passadas, por conseguinte, acredito na reencarnação. E é à luz das minhas crenças que vou falar sobre o tema, tentando, no entanto, ser o mais objectivo e imparcial possível, sendo que, no final de contas, este texto reflectirá apenas a minha opinião, não procurando ser o novo “Guia definitivo para entender melhor a consanguinidade das almas” :)

Não gostei nada do que sugere o texto de Marcos, e considero-o mesmo bastante superficial, negativo e redutor. Passo então a explicar, dissecando-o...

Ele afirma que não existem almas gémeas que se conheçam de forma mágica, natural, não forçada, onde seja, realmente, amor à primeira vista. Ele atribui tudo a coincidências, feromonas e confiança.

No entanto, nós cruzamo-nos, diariamente, com “n” pessoas. E, num desses dias, com as mesmas feromonas, com o mesmo sorriso e com a mesma confiança, mesmo dentro de um determinado tipo de pessoa que nos agrade mais à vista, vemos 10 pessoas com essas características e, uma delas, apenas uma delas, tira-nos o fôlego, deixa-nos atónitos e acelera-nos o coração, sem que entendamos porquê. Ora então, se tínhamos 10 candidatos com que isto podia acontecer e tudo o resto se manteve inalterado, por que razão foi aquela pessoa a despertar em nós aquele sentimento inexplicável? Foi essa tal de coincidência, então? Ok... então tudo aquilo que não compreendemos ou conseguimos explicar, devemos atribuir a uma coincidência, é isso?

E quando começamos a analisar o que está por detrás dessa coincidência e nos apercebemos que, para aquele encontro ter ocorrido, muitas das vezes, houve alterações inesperadas nos planos, que forçaram a pessoa a ir por uma outra estrada, num outro horário, etc? E quando, no final dessas contas e tudo devidamente esmiuaçado, nos apercebemos que, para aquele encontro ter acontecido, estamos a falar de uma probabilidade ao nível de ganhar o euro-milhões? Vamos continuar a atribuir tudo a uma tal de coincidência? Cada um sabe de si, como é lógico, aliás, no fundo, acho que tem tudo a ver com aquilo em que escolhemos acreditar. Se não acreditarmos que há algo maior que nós, que não controlamos, então aí temos mesmo de atribuir tudo à coincidência... isto, independentemente das evidências, pois o que para mim são claras evidências, para outro, serão apenas conjeturas infundadas da minha parte, ou, para facilitar, coincidências :P Mas talvez seja mais fácil não pensarem neste tipo de encontros improváveis apenas com o cunho de relacionamentos amorosos, pensem naquela pessoa que encontraram, “por acaso”, que já não viam há “n” tempo e até tinha uma notícia para vos dar, que acabou por revelar-se importante para a vossa vida.
Eu posso-vos garantir que já fui brindado com “n” sinais de que há algo maior do que nós, algo que não controlamos... uns desses sinais, a pedido, outros, sem pedir.
Isto tudo que estou a escrever, tal como é lógico, parte do pressuposto que acreditamos em algo maior do que nós.
Mas para quem não tem problemas em olhar para dentro, ou de expandir a sua consciência, pode, por exemplo, experimentar - apesar de não se dever fazer de ânimo leve - uma terapia regressiva, onde se poderá aperceber que a maior parte das pessoas com quem sente mais empatia nesta vida, muito provavelmente, já o acompanhou em vidas passadas.

Bom, agora que já dei uma achega sobre os tais “encontros inesperados” e o que penso das almas, vou então focar-me mais na questão da alma gémea enquanto parceiro perfeito numa relação amorosa.

Antes de mais, tenho de esclarecer que não acredito que todos venham a viver o tal amor que surge de uma maneira mágica, inesperada, não forçada... ou até que, todos os que o vivem, seja para a vida toda. Então mas, assim sendo, não estás a concordar com o Marcos, perguntam vocês. Não, longe disso.

Se uma pessoa não acredita em almas gémeas a nível de relacionamentos, por que razão iria o Universo “conspirar” para que isso acontecesse? Se a pessoa não o valoriza, ou almeja, não faz qualquer sentido.
E a razão pela qual também acredito que, mesmo para os que acreditam e têm possibilidade de viver um amor desses, não é forçoso que seja para a vida toda, prende-se com o facto de percebermos que, por vezes, o papel dessa alma gémea não era esse, era sim, o de acompanhar-nos durante “x” dias, meses, ou anos, até que concluamos mais uma aprendizagem, aprendizagem essa que é indispensável para a nossa evolução enquanto seres. E o que é válido para nós, é válido para o nosso parceiro. Faz então sentido que desvalorizemos essa relação? Não, longe disso, devemos estar gratos por ela e compreender a função que teve nas nossas vidas.

Então e uma pessoa que acredita que há, de facto, uma alma gémea, uma pessoa que a vai preencher a todos os níveis, e os anos continuam a passar... e nada? Tal como escrevi antes, acredito que os relacionamentos que não corresponderam a essa expectativa e que tenham acontecido até então, sejam, precisamente, aprendizagens, oportunidades para evoluir, para consolidar aquilo que são como pessoas, tanto a nível individual, quando estão sem se relacionar, ou como quando são parte integrante de uma relação. Ah, isso é tudo muito bonito, mas todas as minhas amigas, ou amigos já estão numa relação, já têm filhos...
Sim, e estão totalmente felizes, totalmente realizadas, ou... simplesmente acomodaram-se e acharam que já não tinham tempo (relógio biológico) para esperar mais e que, se calhar, na realidade, não havia aquilo que sempre desejaram para elas?

E, para mim, este é o grande perigo do texto de Marcos... fazer com que as pessoas que até acreditam nesse ideal, deixem de o fazer, pelas razões que referi acima. Eu não sou ninguém para dizer que devem acreditar, mas também não tenho o direito de dizer que não devem acreditar, porque “a”, “b” ou “c” não acreditam e o relacionamento deles até funciona. Parece quase a cena dos putos, se não funcionou para mim, também não pode funcionar para ti!
Cabe à pessoa decidir se quer continuar a acreditar no ideal – se isso lhe fizer sentido – ou se, por outra, deve resignar-se a uma relação assim-assim, porque não deve haver melhor reservado para ela. E sim, não tenho dúvidas de que se todos estivéssemos à espera da nossa alma gémea, muito provavelmente, a taxa de natalidade atingiria números negativos :) Mas também não tenho dúvidas de que o propósito dessas relações é mesmo o de contribuir para a estatística e servir outro propósito. Portanto, temos de perceber que há diferentes tipos de relação e perceber o que faz sentido para nós.

Agora, o que não posso mesmo deixar em branco é este parágrafo do texto de Marcos, precisamente por achar, não só deselegante, nas partes que ponho a negrito, como fundamental para entender a razão pela qual acho que Marcos e este texto partem duma premissa errada:

Porque nossa alma gêmea um dia acorda com cabelo desarrumado e um bafo terrível. Você descobre que a sua alma gêmea odeia sua série favorita, não gosta de viajar e tem nojo de sushi. E como pode ser sua alma gêmea se não gosta de voz e violão em bar? E você começa a pensar que talvez aquela ali não seja sua alma gêmea. Meu deus, minha alma gêmea está em algum lugar e eu aqui, com esse entulho!

A ligação de almas gémeas vai para além da química sexual, ou da atracção.
A ligação de almas gémeas é feita a um nível muito mais profundo do que preferências culinárias, ou tipos de música ou séries favoritas. A ligação de almas gémeas é feita ao nível do nosso âmago, daqueles que são os nossos valores mais primários e fundamentais, são ligações que geram empatia imediata. Outra coisa bem diferente, são as coisas do quotidiano, tudo aquilo com que temos de lidar no nosso dia-a-dia. Não que ache que deva ser relevado, ou que é algo de somenos importância, porém, é fundamental que se entenda que são coisas completamente distintas e que não devem ser confundidas. O que o Marcos descreve, são cedências normais que todos fazemos, para que qualquer relação funcione. Essas sim, fruto de trabalho e compreensão. Porém, a ligação a nível de almas gémeas não se trabalha, não é fruto de cedências, ou compromissos... ou existe, ou não existe. Mas lá está, volto a dizer, isto não quer dizer que todos estejamos talhados para ser felizes com a nossa alma gémea a nível amoroso, há pessoas que serão muito mais felizes com outros tipos de amor, não menos válidos, até porque é essa a sua crença de relação amorosa.

Não devemos também esquecer que o timing, contexto e experiência de vida têm um papel fundamental naquela que é a nossa percepção sobre os mais variados temas, este não é excepção. Ou seja, se perguntarmos a um homem que acabou de cancelar o casamento, após ter descoberto que a noiva o traiu com o padrinho de casamento, se acredita em almas gémeas, provavelmente, a resposta não será afirmativa. Tal como se perguntarmos à mulher que acabou de descobrir que o marido a vai trocar por uma mulher 20 anos mais nova, se esta acredita em almas gémeas, se calhar é melhor fugirmos... se perguntarmos a uma mulher que sempre acreditou em almas gémeas, se continua a acreditar, após a sua 3ª desilusão amorosa consecutiva e o relógio biológico estar a dar sinal que nem um cuco com esteróides? Já sabem a resposta...

Agora, devo ressaltar que, para mim, é importantíssimo que sejamos fiéis às nossas crenças e convicções em relação a todos os temas da nossa vida em que não tenhamos de procurar uma resposta lógica, aqueles que nos são intrínsecos e vêm do nosso íntimo, sob pena de um dia acordarmos, olharmos para o lado, e cair a ficha... apercebendo-nos de que, realmente, andámos afinal acomodados e a viver uma vida que não era a que deveríamos ter vivido, reféns de medos e pressões externas. Não que tenha de ter sido necessariamente uma vida má, mas não tem aquele sentimento de preenchimento total. É o equivalente a escolhermos o Chuck Norris para interpretar um drama, só que o erro de casting foi no filme das nossas vidas. Ainda assim e, mesmo que seja esse o caso, espero que tenhamos o discernimento e decência de nos lembrarmos de pensar ou dizer algo melhor que: O que estou eu a fazer aqui com este entulho?

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Paragem para abdução por alienígenas



Temos aqui uma prova cabal de que existe, de facto, abdução por parte dos alienígenas. Portanto, quem quiser ser abduzido, terá apenas de deslocar-se a esta paragem para o realizar. Não sei a que horas passam, mas talvez a Carris tenha uma palavra a dizer sobre isso. Ah, eles gostam de nós e tal, mas dispensam os sapatos.